Emoldurando uma dor

De Profundis, de Oscar Wilde, marcou-me profundamente. Condenado à prisão por dois anos, recebia do benevolente fã Diretor uma folha por dia para escrita. Assim, lá se foram 100 páginas sem que pudesse revisar ou conferir o desenvolvido na folha do dia anterior. O texto, de uma coerência surpreendente, é moldura literária para a dor. A dor da perda da liberdade, do abandono da família e dos amigos, do remorso das faltas, do medo da solidão, da incerteza do futuro. O brilhante irlandês mostra ali toda a sua fragilidade e, paradoxalmente, toda a sua força interior...força de renovação. As palavras são tristes, mas não são de lamento. O vigor de uma existência dedicada à realização de si mesmo como obra de arte ecoa em cada sílaba.
De Profundis é, para mim, memória de toda uma vida.

Comentários

  1. Olha, Ana, Oscar Wilde é um amigo...apesar de nunca nos termos encontrado e é sempre uma emoção falar ou escrever dele. Obrigada pela visita. Bjs.

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  2. Eu sei o quanto esta carta significa para você. A fraqueza, ao mesmo tempo, a genialidade e entrega de Oscar, mergulhando "nas profundezas" do ser, do Eu, do humano e, ao mesmo tempo, do divino.

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  3. Nossa, minha irmã...que emoção. Você participou de cada etapa dos meus trabalhos e me deu muita força sempre. Sim... Oscar Wilde é muito especial. Obrigada por tudo.

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  4. Texto lindo, profundo, que demonstra toda a sua admiração pela obra de Oscar Wilde. Aliás, saudade do clube de leitura.

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Pois é, Marta. Precisamos retomar as leituras mesmo. Oscar Wilde é sempre inspirador.

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