Uma teia na moldura

 O aracnídeo caminhava sem pressa, como a verificar o território. Contornou a moldura e 'escolheu ' o canto superior  esquerdo. Ali, começou seu delicado e intrincado trabalho, que duraria alguns longos dias. A moldura, divertida, aguardava curiosa o desenrolar saquele bailado. 

Ao raiar de um certo dia, lá estava uma belíssima teia  - obra digna de artista. A moldura se emocionou. Ela guardava agora duas atuações artísticas. Como era afortunada! De repente, receiou pela teia e pela aranha. Logo, o serviço de limpeza se incumbiria de fazer tudo desaparecer. Sussurrou: como posso ajudá-la a manter seu trabalho a salvo? Não gostaria de presenciar o fim de tanta arte.

Não se preocupe ou entristeça. Estou acostumada. Faço e refaço toda a minha existência. Não me importo. Encanto, de alguma forma, e isto basta. Já sou grata e feliz pelo dom do Criador. Nem todas as outras criaturas entendem trabalho de arte de seres menores. Fiquei alegre por você ter me visto. Obrigada. 

Aí vem a limpeza. Corro para me salvar para a obra continuar.

Agora, só, a moldura chorou. 

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas