Restauração

 Quando a obra precisa ser recuperada ou reparada, a moldura passa por processo de mudança e, não escusa dizer... sempre dolorosa. Acostumada às lascas, borrões, estilhaços, já não padecia e...sente medo de transições. Precisa ser descolada da obra - o que já é por si perturbador - e fica solitária, como longe de seu fim primário. São muitos e longos dias de padecimento...sente odor de tinta, de alvejante, de cola e não mais se imagina. Ficar assim alerta, fez com que se cansasse...entregou-se...aguardou, serena, o novo quinhão. Preocupara-se em continuar útil à obra e...confessa envergonhada, temerosa de ser esquecida ou trocada. Agora não queria mais este sentimento. Afinal, a obra importava mais. Para ela vivia. Se fosse substituída...que a obra brilhasse. Descansou e não mais se inquietou.

Acordara renovada. Via-se no reflexo de vários pares de olhos sorridentes. E lá estava a 'sua' obra...radiante. Mãos bondosas as recoloraram juntas e exalaram uma fortaleza de vida que fez esquecer os dias de assombro e solidão. 

Retocar, remodelar, consertar...para crescer. E continuar a dar tudo para que a missão seja bem sucedida.

Comentários

  1. Uma metáfora do sofrimento que sempre nos faz renascer e nos fortalece. É a pedagogia da vida!!

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  2. As vezes precisamos ser remodelados para continuar a seguir em frente!
    Boa reflexão!😉😉😉

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