Moldura de cinema, por Delma P. Martins

 O cinema tem sido uma companhia fiel para mim nestes tempos de isolamento imposto pela pandemia. A tecnologia traz isso de bom. Vivemos "a peste moderna" com inúmeros recursos.


Na última semana assisti a " Mank", de David Fincher, um filme que mostra os bastidores do 
filme "Cidadão Kane", do genial Orson Welles, um marco na história do cinema pelas inovações 
nas técnicas de filmagem e pelo conjunto da obra.

Mank, em questão, é o roteirista do filme, Herman J. Mankiewicz, interpretado por Gary 
Oldman, que as vésperas do início das filmagens do clássico se acidenta e fica com uma 
das pernas imobilizada. A trama gira em torno do roteiro que Mank deveria escrever. 
A máxima "uma ideia na cabeça e uma câmera na mão",  não é o suficiente.

A palavra, sempre ela,  é fundamental para se contar uma história mesmo através das câmeras. 
 A moldura literária se abre e empresta forma e sentido para a sétima arte. Me lembra as pontes
 por onde passam veículos automotores, que em determinado momento se abrem, 
generosamente, para a passagem de embarcações sob elas.

O roteiro de 372 páginas é uma estrutura literária com as falas e os caminhos das cenas de
 "Cidadão Kane". O filme foi  indicado em  nove categorias ao Oscar de 1942 e premiado com
 apenas uma estatueta: justamente o roteiro.

 "Mank", o filme de 2020, concorre ao Oscar 2021 com dez indicações. Filme e indicações
 reforçam a palavra como uma das matrizes fundamentais para a arte, seja ela no formato
 que for.

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