Sonho emoldurado

 Era um jardim e eu, flor pequenina. Daquela que até se pisa por descuido. Amarela. Sorridente. Com pétalas curiosas e atentas. Tinha perfume leve e aspiração de céu. Admirava as companheiras sem inveja ou competição. Afinal, ali estava, eleita também para a vida. O bom de flor no ambiente natural é que vê o que está embaixo. Só a imensidão do alto. Alguém chegou, se agachou, me fitou e sorriu: "Mãe, eu vi...". "O quê, menino?". "Beleza".

Acordei e apertei o sonho bem protegido na moldura para eu não esquecer de ser flor neste mundo que, às vezes, não quer ser jardim.

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