Série Molduras saborosas

 A cozinha fez parte do meu cotidiano bem cedo. Nas viagens de férias, em Minas, via a Tia Dininha fazer feijão no fogão a lenha; em casa da avó materna (Stella) me deliciava com os preparos do manjar de côco; da avó paterna (Maria), guardo a lembrança de ter experimentado pela primeira vez couve-flor e de como ela se abria mais ali naquele espaço e, finalmente, em casa, com minha mãe, as conversas sobre a vida, os sonhos e medos. Nunca me aventurara a cozer, de fato.

Fui me achegando aos poucos, para frigir algo aqui, preparar algo acolá, sem muita vontade ou empenho. Há cerca de 3 anos, assumi a cozinha como um sítio meu: de descoberta, criação e...amor. Cozinhando para a família, percebi o quanto de afeto cada alimento carrega e desperta e mais, como as diferentes formas de combinação trazem à memória a alegria e inocência da juventude. Tudo cabe ali. Os aromas desfilam sem timidez espalhando aconchego pela casa. Não foram poucas às vezes que da porta ouvi: "nossa que cheiro bom!", e sorrio satisfeita.

A comida congrega, ajunta e emoldura alguns dos mais importantes insignificantes momentos da vida. Assim, começo uma série de pequenos grandes nadas de um cotidiano emoldurado de amor.

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