O rio que me emoldura

 Nunca é o mesmo. 

Por vezes, corre veloz e...caudaloso...atulhado de preocupações, juízos e receios. Quando assim, as águas turvas são impedidas de refletir o azul do céu de verão e a força da Lua cheia. Abarrotado, caminha pesadamente e, triste, deixa passar o canto dos pássaros. 

Outras vezes, é leve, ágil, firme na convicção de ser amado e de ter recebido como missão brilhar e refletir a paleta de cores da natureza. O rastro deixa um perfume no ar e as aves vêm, prazerosas, fazer-lhe companhia no trajeto.

Por decisão, derramo-me no último, sabendo, porém, que, ciumento, o primeiro tentará me buscar. Olho, assim, para a imensidão do firmamento e não me deixo sucumbir. As águas me  enlaçam e me entrego, em doce resignação. 

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