Moldura para lá de poética, da amiga Delma P. Martins

 Nestes dias duros de pandemia, uma das minhas leituras tem sido acerca de Nietzsche. Tenho me interessado em saber as variadas visões sobre o sofrimento e a dor, temáticas do filósofo alemão. 

Mês passado terminei de ler "Nietzsche e a Grande Política da Linguagem", 

de Viviane Mosé.  Fui provocada a pensar na linguagem  como forma de criar conforto e identidade para nós humanos, conforme narrativas dos autores. Essa identidade, segundo eles, está no fato de que dar nome às coisas construiu verdades para as nossas vidas. E também limitações.

O que estiver além é o desconhecido, o imponderável e a possibilidade

da dor que ninguém quer sentir. É também um não para as potências existentes em nós. Nietzsche não dá uma solução para esta questão, mas propõe a reflexão.

Eu como uma ousada aprendiz, reflito entre outras possibilidades, que talvez o poema seja uma forma de subverter essa linguagem. Dispor metricamente palavras é dar a elas o sentido que se quer,  é transpor o conhecido, é  fazer contornos inesperados por dentro e até por fora das molduras, é viver a alegria, ela também me interessa muito, e a dor com arte. Penso ser este o destino dos poetas.  O poema, a propósito, também é uma das minhas descobertas nesses dias de isolamento. Palavras que dão alento e possibilidades chegam para mim como presentes, sempre generosamente enviados pela titular deste blogue.